pt.1

Escondo o vinho na parte de baixo da pia e minhas emoções debaixo do meu travesseiro
escondo as piores coisas que saem no abafo da minha voz quando meu grito de socorro corre pelo meus dedos ao posicionar na minha boca para me acalmar
Sinto como meus olhos continuem vendo as mesmas coisas que eu via quando tinha17 anos
o mesmo gosto musical mas mechas do meu cabelo soam diferente
fiquei encontrando razões para não acabar com a minha vida mas todas as minhas roupas estavam sujas de vermelho
coloquei meus porquês no palco mas eles foram tímidos demais pra se apresentarem
você me perguntou se eu comecei a beber
sem jeito, justo no final da segunda garrafa respondi que não
não se começa algo que está no final.
pra mim tudo fica melhor naquele jeito, mesmo que não seja o ideal que eu consuma.
meu corpo só se acostumou com um toque
e esse eu sempre voltarei de prontidão
sinto essa maldição nos meus ossos porque sei que meus orgãos pertencem a ti como minha alma também
pareço um poeta canibal no final do séc XIX mas tudo isso faria sentido se minha vida soubesse valorizar minha carne
por enquanto meu sangue cheira a arrependimentos e vinho tinto suave
a cor mais vermelha viva que já vi
até que tudo ao redor dela se torna escuro. nem você pode fingir que é minha luz.
todos os meus sombrios sonhos são pesadelos de uma claridade que tem mais me apagado
dormi certa noite dizendo que te amo
pra ser sincera, acho que sonambulismo é mesmo um problema
e quando acordo você está lá ainda, imóvel
é muito bom sabemos que estamos certos.
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[escrevi isso num momento de loucura. até meus piores pesadelos dormem comigo]