Talvez o mais mórbido desse ano

Por mim, os detritos da minha pele se tornariam inúteis ao toque da terra sob minhas células 

Qualquer animal ficaria frustrado ao passar pelo meu túmulo.

Nada é mais entendiante do que restos que não servem pra nada.

Por que você viveu, aliás, se nada te resta quando vai embora?

Por que brigou incansavelmente consigo mesma quando todas as coisas que você queria vieram de mão beijada, mas uma única coisa fora do trecho te deixou frustrada?

Por que continuou a ver quem te machucou

A dormir na mesma cama que você chorava

E amar todos aqueles que odiaram suas palavras mas amaram seu corpo de forma medonha, porque todos os toques são frios e nada naturais

Todas as coisas quebradas ao meu redor acompanharam meus gritos

Só sinto vontade de quebrar meus ossos e conhecer a terra mais de perto

Quero tudo que seja para mim e nada que não seja, quero também

Por isso reclamo tão alto e fico com raiva quando me chamam de mimada

Tudo que vem ao contrario me deixa fora do meu corpo porque não estou no controle

(Como eu sinto falta dos meus 50mg e dos meus pais me ignorarem)

Odeio que meus dedos só saibam um lugar para onde ir

que é justamente onde nao pertenço.

À mesa cheia, minha fome grita

E ao escuro, tento me acostumar.

Quero que meus olhos gostem do que veêm, todas as vontades são idiotas demais para serem atendidas.

É o meu momento mais mórbido nesse instante

Acho que gosto mais de finais objetivos

Sinto que gosto de me acostumar a ideias curtas, meu corpo não aguenta mais finais longos.