
hoje sou poesia.
Não porque sou declamada por amor ou por raiva
nem morte
nem vida
mas porque rimo e não faço sentido.
te dou nó na cabeça e frio na barriga
sou poesia porque antes era filme
palavras fáceis de solucionar
e nada mais que boa música e uma boa foto
mas pelo acaso de que tenho contexto,
te toco sem nem levantar o dedo
você só lembra de mim quando olha para a estante
sem nem lembrar, de vez o quando
o quanto importo
o quanto mudo
o quanto estrago e indecisão causo.
sou poesia porque caibo no teu peito
e porque sou maior que você às vezes,
poesia de olhos abertos
de fome
de carência
de lucidez
de sobriedade.
de parte de mim que não faz o todo.